20 de novembro de 2009

"amizade" de uma vida


E mais um dia, observando daquela pequena janela, a única ligação intacta de uma amizade (in)condicional arruinada, Helen seguia cuidadosamente os passos de Carol. Esta inconsciente preocupação, nunca abandonou nem a mente nem o coração de Helen, quando aquela que já tinha sido um pilar nessa vida tortuosa se isolava no seu mundo de quatro paredes. Era nesses instante que ambas sentiam o aperto sufocante e incontrolável no peito, pois Carol sempre optava pela porta para sair do seu refúgio mesmo sabendo que alguém a espera daquela pequena janela.
Helen, como se é de esperar, tenta continuamente diminuir a distância que insiste em ferir as memórias de duas vizinhas aliadas como irmãs. Ela sofre em silêncio na inútil esperança de que tudo volte atrás, onde essas duas crianças se divertiam, sofriam, caiam e se levantavam juntas. Embora nenhuma soubesses ao certo o que acontecera para tal afastamento, a verdade é que tudo e nada dependia delas, a própria vida as separara, tudo fizeram para superarem esses obstáculos e nada fazem para tentar remediar o que correu mal. Nem Helen aparece do outro lado da porta, quando Carol se prepara para secar as lágrimas, respirar fundo e enfrentar a vida. Nem Carol, é capaz de engulir o seu orgulho e agarrar a mão estendida à sua janela, dia e noite.
A vida passa, seus lares envelhecem com elas, e a ambas espera silenciosa e estupidamente que uma delas dê o primeiro passo.

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